Partindo da fotografia “Marco Zero” de Mário Fontenelle, relembramos o projeto urbanístico que previu o formato de Brasília como avião ou cruz — símbolo cristão tão utilizado para justificar massacres coloniais por séculos. A performance visa reencantar essa cruz por meio da relação com o cerrado, transformando a cruz em encruza, numa perspectiva decolonial de reapropriação de saberes e imaginários que aqui já existiam. O reencantamento do “marco zero” passa também pelo resgate simbólico do lugar, que hoje abriga a rodoviária de Brasília no centro da cidade, por onde passam milhares de pessoas cotidianamente no trânsito de casa para o trabalho.